terça-feira, 6 de outubro de 2009
segundo encontro
Para ir além do tripé narração-dissertação-descrição
Professoras de São Paulo aprimoram a produção escrita de seus alunos, mostrando a eles que um texto deve ser elaborado levando em conta que será lido ou ouvido
Maria Cláudia Baima (novaescola@atleitor.com.br)
Bandido tem direito a lazer? Bumba-meu-boi é só uma brincadeira de rua? Estas foram algumas questões que surgiram quando as professoras Maria Imaculada Pereira e Cleuma Nunes Argolo aplicaram em suas turmas de 4ª série as oficinas de criação de texto elaboradas pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), para o Programa Escrevendo o Futuro, da Fundação Itaú Social. O material orienta o ensino da produção de textos, orais ou escritos, sob a perspectiva de gênero. Isso significa voltar-se para situações de comunicação cotidianas, nas quais prevalece a intenção de ser lido e ouvido, desde o bilhete na geladeira ou a conversa com o zelador do prédio até textos elaborados que circulam na sociedade como artigo de opinião, poesia ou memórias.
A primeira lição para quem quer seguir essa linha de ensino é abandonar o velho tripé narração-dissertação-descrição, uma tipologia de texto que, segundo especialistas do Cenpec, é artificial e insuficiente para contemplar a enorme diversidade de textos que a sociedade produz e consome hoje.
Escrita cidadã
Essa perspectiva no ensino da língua escrita não é nova. Desde os anos 80 está presente nos currículos de São Paulo. Contudo, talvez por falta de orientação e material, as aulas ainda giram em torno da redação, um verdadeiro bicho-de-sete-cabeças para muitas crianças. Nessa linha, diante de um tema pré-estabelecido, o aluno faz o que pode. O professor é o corretor (quase sempre só da ortografia) e o autor do trabalho guarda ou joga fora a redação. Dificilmente relê o texto, reescreve e devolve. Uma atividade hierárquica, descontínua, estéril em si mesma. Quem enche de palavras duas folhas de caderno é visto talentoso e o autor de cinco linhas vale pouco. De acordo com Sônia Madi, coordenadora pedagógica do Escrevendo o Futuro, "escrita não é um dom; é preciso dominar ferramentas para construir e estruturar um texto".
Foi com essas ferramentas que Maria Imaculada contornou a inflexibilidade da da sua turma de 4ª série, na Escola Estadual Canuto do Val, no bairro Barra Funda, em São Paulo. Sua intenção era trabalhar com os alunos a produção de artigos de opinião. Ciente de que unanimidade é o reverso da polêmica, pré-requisito de todo texto desse gênero, Imaculada saiu em busca de ajuda. Se todos achavam que Fernandinho Beira-Mar não merece lazer, questão debatida entre todos na sala de aula, como introduzir uma voz discordante? "Convidei um advogado e um ex-interno da Febem para conversar com eles. Houve muita pesquisa para elaborar as entrevistas e só depois de coletar argumentos e contra-argumentos passamos para a construção do texto", conta ela. Seguindo a orientação de que a produção do aluno saia das quatro paredes e a comunicação se complete com o receptor, o resultado foi divulgado no site da Secretaria de Educação e distribuído nos boletins informativos da escola.
Já a professora Cleuma, da Emef Amorim Lima, trabalhou o gênero reportagem turística com a sua 4ª série e percebeu surpresa que mesmo sendo professora da sala de leitura não conhecia bem esse gênero de texto. O primeiro passo, conta a professora, foi estudar de perto com os alunos o entorno do bairro, o Butantã, buscando o que seria o tema da produção dos alunos. Depois da pesquisa coletiva revelar o Bumba-Meu-Boi do Morro do Querosene como a maior manifestação cultural da área, a classe visitou o local e foi recebida pelo músico Tião Carvalho, do grupo Cupuaçu, uma liderança na comunidade que organiza o Boi há mais de vinte anos. Caminhando e conversando pelas ruas com as crianças, Tião mostrou a história de cada esquina, o recanto da fonte de água onde os bandeirantes acampavam e os moradores mais antigos. "Os pais de alguns alunos juntaram-se a nós e voltamos tão preenchidos que o trabalho desdobrou-se de uma maneira maravilhosa, com o texto final publicado no jornal do bairro e distribuído no Morro. O preconceito detectado no início do trabalho desapareceu por completo no adjetivo que eles escolheram para o título: A preciosa festa do Boi", conta Cleuma.
A seguir, você acompanha uma seqüência de atividades adaptadas do fascículo "Pontos de Vista", sobre o gênero artigo de opinião, elaborado pelo Cenpec para o Kit Criação de Textos, do Programa Escrevendo o Futuro:
Deixe claro que um artigo de opinião não é a divulgação de um fato, mas um texto que traz à tona uma questão polêmica, expõe a opinião do autor, que por isso se chama articulista. O artigo deve acolher diferentes vozes, exigindo do aluno o exercício do olhar crítico e da argumentação.
Seqüência
• Identificar polêmicas locais - é mais produtivo discutir, na produção desse gênero, o uso da quadra nos finais de semana do que o desmatamento na Amazônia, por exemplo.
• Definir a questão polêmica e escrever a produção inicial, que deve ser guardada para comparar com a escrita final.
• Buscar informações sobre o assunto que deu origem à polêmica.
• Ler artigos de opinião diversos.
• Reconhecer posições e argumentos contra e a favor.
• Recolher opiniões na comunidade e trabalhar com diferentes tipos de argumentos.
• Conhecer e usar expressões que articulam o artigo de opinião.
• Identificar vozes presentes no artigo de opinião.
domingo, 4 de outubro de 2009
DÉCIMO SÉTIMO ENCONTRO
UNIDADE 24 – TP 6.
Iniciamos o encontro do dia 29 de setembro de 2009 com a leitura dos slides, Resumindo a Vida - Shakespeare. A seguir, a formadora fez uma breve revisão do conteúdo da unidade 23 - TP6 – O processo de produção textual: revisão e edição - que serviu para dar início aos relatos das professoras sobre suas experiências realizadas no Lição de Casa. Na sequência, para dar início ao estudo da unidade 24, TP6, a formadora dividiu a turma em grupos e solicitou que apresentassem um breve resumo de cada sessão dessa unidade. Os grupos se organizaram e preparam o conteúdo a ser exposto, houve muito empenho, interesse e dedicação da parte de todos. Este momento foi muito enriquecedor, todos se envolveram e demonstraram interesse à atividade.
Ao concluírem a atividade, o primeiro grupo, responsável pela sessão um, unidade 24, fez uma explanação oral do conteúdo estudado. Na sequência, o grupo dois socializou o material que resumiu e fez a apresentação oral dos principais tópicos. O terceiro grupo não realizou a apresentação por falta de tempo, disponibilizando-se a fazê-lo no próximo encontro.
DÉCIMO SEXTO ENCONTRO
O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL: REVISÃO E EDIÇÃO
UNIDADE 23 – TP6
As atividades do dia 22 de setembro de 2009, do GESTAR II, iniciaram com os relatos das professoras sobre a forma como realizaram e aplicaram um dos Avançando na Prática, TP6.
Após, a formadora apresentou o vídeo Reescritura Coletiva – Revista Nova Escola. Distribuiu algumas propostas de avaliação de textos, retiradas da Proposta Curricular de Santa Catarina e dos PCNS.
Comentou sobre os principais níveis de coerência textual e indicou as propostas de metarregras do pesquisador francês Charrolles, que indicam algumas das condições que um texto deve apresentar para satisfazer e ser admitido como bem formado pelo leitor. São elas:
1- Metarregra de repetição;
2- Metarregra de progressão;
3- Metarregra de não-contradição (que se divide em: contradição enunciativa, contradição inferencial ou pressuposicional e contradição de mundos);
4- Metarregra de relação;
5- Metarregra de macroestrutura.
Depois, iniciou-se o estudo da Unidade 23: O processo de produção textual: revisão e edição, TP6. Antes, porém, de iniciar este momento as cursistas reclamaram do tempo que demandou realizar o estudo desta Unidade. Consideraram que o pouco tempo que têm não possibilita um estudo adequado e aprofundado do tema. No entanto, o objetivo foi alcançado, o grupo compreendeu que revisar um texto implica tomar decisões sobre a audiência, os gêneros de texto e as restrições e características relacionadas ao suporte e ao conteúdo. Perceberam, também, que o trabalho de revisão textual pode ser desenvolvido de forma coletiva e individual, desde que o aluno tenha claro a proposta do processo de produção e avaliação.
Encerrou-se o encontro do dia, apresentando as linhas gerais da próxima unidade a ser estudada, pela formadora.
FORMADORA: OLIRES M. DO E. SANTO
FLORIANOPOLIS -SC
DÉCIMO QUINTO ENCONTRO
UNIDADE 21 – TP6
O encontro do dia 15 de setembro de 2009, como de costume, iniciou com uma mensagem de estímulo e ânimo, apresentada pela formadora, que apresentou a seguir a pauta do dia. Na sequência, organizou uma discussão sobre o estudo da unidade 21 – Argumentação e Linguagem, TP6, trata da construção da argumentação, da tese e seus argumentos e da qualidade da argumentação. Verificou as dúvidas e críticas dos professores em relação ao conteúdo e à aplicação das propostas do Avançando na Prática.
Após esse momento, uma das cursistas, professora Lisiane, fez uma breve exposição do estudo da unidade 22, TP6, que já havia preparado.
No momento seguinte, a formadora orientou que as cursistas lessem o trecho da crônica de Moacyr Scliar, da página 38, TP6, oficina 11. Solicitou que planejassem e escrevessem como foi resolvido o impasse apresentado no enredo.
A seguir, texto produzido pelas cursistas:
Crônica de Moacyr Scliar: Espírito Carnavalesco, publicado em O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2002. p. 155-156.
(...)
O marido que acabara de acordar sem saber muito bem o que estava acontecendo, disse:
- Odeio carnaval, não sei como que pode a essa hora ainda estarem ensaiando. Se fosse uma festa aqui em casa com certeza a polícia já estaria presente acabando com a bagunça toda.
- Então, meu amor, liga pra polícia e diz que queremos dormir e não estamos conseguindo, pois com esse barulho ninguém consegue pegar no sono.
O marido, sentou-se na cama, calçou os chinelos e pegou o telefone. Ligou para a Central de Polícia e contou tudo o que estava acontecendo perto de sua residência. O policial, que a essa hora da madrugada já estava cochilando na delegacia, ouviu tudo com paciência e disse:
- Meu amigo, esquece isso porque é tempo de carnaval e ninguém vai ouvir um policial
que vai chegar lá e pedir para parar o ensaio da escola de samba. Volta pra cama e acalma a sua mulher.
- Você não entendeu, eu tenho direito, como cidadão, de dormir em paz, e ao contrário do senhor, eu odeio carnaval.
- Não diga isso, se alguém lhe ouvir vai discutir com o senhor e ai sim, terei motivos para trazê-lo pra cá. Carnaval é a coisa mais maravilhosa que já existiu. E o senhor está perdendo de participar de uma boa festa.
No outro lado da linha, ouve- se um silêncio, em seguida a batida do telefone no gancho. O marido volta para a cama e diz para a esposa:
- Tente dormir, querida, pois a cidade toda só pensa em Carnaval.
A esposa muito indignada disse:
- Meu marido, você sempre achando um jeitinho para me conformar.
Segunda parte da atividade - Oficina 11 - Unidade 22
PRODUÇÃO TEXTUAL
Escolha algum acontecimento atual que lhe chame a atenção. Você pode procurá-lo em meios como jornais, revistas e noticiários. Outra boa forma de encontrar um tema é andar, abrir a janela, conversar com as pessoas, ou seja, entrar em contato com a infinidade de coisas que acontecem ao seu redor. Tudo pode ser assunto para uma crônica.
É importante que o tema escolhido desperte o seu interesse, cause em você alguma sensação interessante: entusiasmo, horror, desânimo, indignação, felicidade... Isso pode ajudá-lo a escrever uma crônica com maior facilidade.
Muito bem. Agora que você já selecionou um acontecimento interessante, tente formular algumas opiniões sobre esse fato. Você pode fazer uma lista com essas idéias antes de começar a crônica propriamente dita.
Frases como as que seguem abaixo podem ser um bom começo para você fazer a sua lista:
"Quando penso nesse fato, a primeira idéia que me vem à mente..."
"Na minha opinião esse fato é..."
"Se eu estivesse nessa situação, eu..."
"Ao saber desse fato eu me senti..."
"Sobre esse fato, as pessoas estão dizendo que..."
"A solução para isso..."
"Esse fato está relacionado com a minha realidade, pois..."
Como você deve ter notado é muito importante que o seu ponto de vista, a sua forma de ver um fato é muito importante. Assim, o elemento caracterizador da crônica é a visão pessoal de um evento.
Agora que você já formou opinião sobre o acontecimento escolhido, é hora de escrever sua crônica. Seu ponto de partida pode ser o próprio fato, mas esse também pode ser mencionado ao longo do texto, como ocorre na crônica exemplificativa de Moacyr Scliar, Espírito Carnavalesco.
FORMADORA: OLIRES M.E. SANTO
FLORIANÓPOLIS - SC
DÉCIMO QUARTO ENCONTRO
UNIDADES 19 e 20 – TP 5
OFICINA 10 – TP 5
A reunião do dia 08 de setembro de 2009 iniciou com a apresentação do vídeo O Porta Retrato. A mensagem proporcionou reflexão sobre o papel do professor na formação do indivíduo. Na sequência, deu-se inicio ao estudo da unidade 19, TP5, cada cursista fez uma breve exposição oral do estudo teórico realizado em casa e entregou o resumo à formadora, referente à sessão que trata da coesão referencial, por justaposição, elos coesivos e progressão textual. O grupo aproveitou o momento para discutir e esclarecer algumas dúvidas sobre o assunto. Após, todos tiveram a oportunidade de ouvir a música Passe em Casa, dos Tribalistas, providenciada pela formadora que aproveitou a letra para explorar os elementos coesivos do texto, junto com o grupo, visando reforçar e reiterar o conteúdo estudado.
A seguir, uma das cursistas, a professora Gabriela, apresentou o resumo do estudo da unidade 20, em PowerPoint , que trata das relações lógicas, ambigüidade e escopo da negação. Acrescentou muitos outros exemplos, além dos apresentados no TP5, que serviram para complementar o aprendizado do conteúdo estudado.
Na sequência, a formadora orientou a execução da oficina 10, disponibilizou, as cursistas, alguns objetos e várias figuras de texto publicitário, recortados de revistas, para usarem como modelo, para a elaboração de uma propaganda. Escolheram a idéia da carteira que se transforma em bolsa. Elaboraram o texto e produziram um filme para divulgar e vender a idéia do produto.
DÉCIMO TERCEIRO ENCONTRO
UNIDADES 17 e 18 – TP 5
OFICINA 09: TP5 – Unidade 18
No encontro do dia 01 de setembro de 2009, no primeiro momento, foi apresentada uma mensagem de incentivo e motivação. A formadora comentou sobre o desempenho das cursistas e elogiou os trabalhos dos alunos trazidos para o encontro. Na sequência, deu-se início aos relatos das cursistas de como aplicaram o Avançando na Prática, Unidades 17 e 18, TP5. A seguir, foi proposto que analisassem, no texto da página 255, oficina nove, como se constrói a coerência textual e os aspectos lingüísticos e sócio-comunicativos responsáveis pela continuidade de sentidos em um texto publicitário. Dando continuidade a realização da oficina, foram retomados os aspectos mais significativos da unidade 18, por considerar-se muito importantes para analisar uma grande variedade de textos que misturam linguagem visual e verbal. A seguir, registraram todos os aspectos observados no texto, tendo como orientação o roteiro abaixo:
a) Discutir e detalhar como a coerência textual é construída a partir da articulação entre informações do texto e experiências prévias que os leitores têm a respeito do assunto;
b) Relacionar os sentidos construídos pela linguagem verbal e pela não verbal;
c) Procurar, sempre que possível, associar suas análises aos conceitos e classificações desenvolvidos no decorrer das atividades propostas;
d) Observar os efeitos de sentido do texto como um todo e, depois, analisar cada parte e como elas se articulam na unidade textual;
e) Registrar o resumo das observações para chegar ao maior aprofundamento de análise possível do texto.
O resultado da análise textual, realizada pelo grupo, foi profundo, todos se envolveram e discutiram os aspectos textuais apresentados na propaganda, e refletiram nas diversas maneiras de cada individuo ver e estabelecer relações lógicas de sentido. O exercício proporcionou ao grupo estar mais preparado para realizar este tipo de atividade em sala de aula com os alunos.